quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Poderes mágicos

Felipe sabe como provar que tudo na vida é muito simples de se resolver.
Com ele o “querer é poder” é muito mais que um simples clichê. A dificuldade é a gente que faz. Ele não.
Foi assim quando decidiu, por exemplo, que vai ter a idade do Ben10. E já no seu próximo aniversário, dia 21 de abril, quando deveria fazer apenas 5 anos.
Quer ficar forte como o personagem de animação norte-americano, que é febre entre as crianças, para enfrentar os bandidos e os monstros do mal.
Ben10 deve ser a palavra que ele mais pronuncia durante o dia. E olha que é difícil escutar o silêncio com Felipe por perto.
Poderes mágicos Felipe já tem. Foi muita sorte, mas ele disse que conseguiu recuperá-los.
Não sabe explicar o que houve exatamente. Conta somente que todos os seus poderes haviam sido perdidos na última vez que fomos para Barra Grande.
Não sabe dizer se havia criptonita por perto. “O que é criptonita?”, me perguntou, curioso. Também pudera, criptonita faz parte das histórias do Super-Homem, uma animação do tempo da minha infância.
O fato é que ele lembrava apenas de ter colocado as duas mãos no mar e então seus poderes foram sugados e apropriados por um tubarão que passava nas proximidades.
Peixe cartilaginoso de sorte aquele. Com tantos poderes virou o rei do mar.
Sempre achei Barra Grande cheia de mistérios. Porém, confesso, nunca imaginei que chegasse a tanto. Roubar os poderes mágicos de uma criança é um absurdo. Um crime imperdoável.
Passei algum tempo sem conseguir visualizar aquela praia belíssima com suas curvas e cores que me fascinavam desde criança. Não era mais do mesmo jeito. Tinha sempre um pouco de rancor, uma mágoa.
O encanto do lugar só voltou a predominar em minhas lembranças quando Felipe recuperou a sua mágica, misteriosamente.
Pela versão oficial, um dia ele acordou e estava com os poderes de volta. A inexplicável recuperação até que se justifica já que a perda dos tais poderes também foi sem explicação. Concluí com isso que a culpa não estava na praia de Barra Grande, ainda que não haja um esclarecimento racional para os dois fenômenos. Menos mal. Barra Grande voltou a ser doce como em minhas memórias de sempre. E o final, em construção, voltou a ser feliz.
Bom, voltando à questão da idade do tal Ben10. Felipe descobriu que seu super-herói preferido tinha 10 anos e não teve dúvidas: ia comemorar a mesma idade no seu próximo aniversário.
Seria um envelhecimento muito precoce, uma queima grande de etapas. Cinco anos e tudo o que eles oferecem jogados ao léu, sem o devido aproveitamento. Hipnotizado pela ignorância própria dos adultos podados tentei explicar que isso não seria possível. Formulei uma construção didática que, ao meu modo cego de enxergar, seria infalível:

-    Quantos anos você tem?
-    Quatro
-    E depois do quadro vem o quê?
-    Cinco
-    Então. Infelizmente não tem como fazer dez anos agora no seu próximo aniversário. Ainda vai demorar um pouco.
-    Já sei como fazer, papai.
-    Sabe?
-    No lugar da vela de cinco eu coloco uma de dez anos. A gente canta os parabéns, eu sopro e então vou ter 10 anos e ser forte como o Ben10.

Depois dessa, a única coisa que pensei foi na tristeza daquele tubarão que teve a sorte de experimentar e, sem ter culpa alguma, pouco tempo depois perdeu os poderes mágicos de Felipe.


quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Liberdade na vida é ter um amor para se prender.
(Fabrício Carpinejar)

Triscaidecafobia

Você sabe o que é triscaidecafobia?
Medo do 13.
Agora imagine um petista que acabou de conhecer essa palavra e quis incluir sua bagagem cultural numa discussão com um tucano:
- Suas críticas não têm razão de ser, você só as faz porque é um triscaidecafóbico. 
- Você me respeite. Eu respeito todo mundo, todas as crenças, todos os partidos, todas as opções sexuais. Mas isso eu não admito.
- T-R-I-S-C-A-I-D-E-C-A-F-Ó-B-I-C-O
Somente três dias depois, quando saiu do coma no hospital, o petista entendeu que a "força das palavras" pode ser bem mais que uma expressão.

O buraco é mais embaixo

A polêmica sugestão do vereador Edson Melo (PSDB) foi atendida. Sem aviso prévio a Prefeitura de Teresina resolveu abrir o trânsito na rua Senador Teodoro Pacheco, que passa em frente ao Theatro 4 de Setembro. A nova rua funcionará apenas durante o dia, de 6h às 18h. À noite, será fechada.

A prefeitura diz que atendeu um pedido dos lojistas e que será por um período de apenas dois meses, mas vai danificar um dos poucos locais aprazíveis do Centro de Teresina.

Ah, sim, a rua também faz parte do Complexo Cultural e é tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual.

A medida argumentada como paliativa é na verdade uma prova da incapacidade ou falta de coragem de organizar de fato o trânsito de Teresina.

E o pior, não vai resolver absolutamente nada.

O problema no trânsito do Centro não é de agora, por conta das obras da Agespisa. Ele existe desde muito tempo atrás.

Assim como existe na Avenida Frei Serafim, na Coelho de Resende, na Desembargador Pires de Castro, na Higino Cunha, e na Miguel Rosa, só para especificar alguns casos.

Qualquer pessoa que conheça minimamente Teresina sabe identificar os pontos críticos e até se arriscaria a apontar soluções (imagina quem estudou pra isso).

Tem até vias para o trânsito dos veículos, mas elas são obstruídas por estacionamentos (regulares e irregulares), assim como falta fiscalização, falta educação no trânsito, falta orientação, falta a presença dos azuizinhos nos locais eternamente críticos, falta um estudo de engenharia de trânsito e falta força de vontade de encarar o problema de frente.

Enquanto a STRANS e a Prefeitura não pararem de enxergar medidas paliativas, não entenderem que a capital do Piauí não é mais uma cidade do interior, uma casa de comadres, nada será resolvido de fato.

Uma coisa é certa: definitivamente abrir cem metros de rua não resolverá o problema de organização no trânsito no Centro de Teresina.

Bem melhor seria abrir a cabeça dos gestores que tiverem essa idéia de jerico.

(Publicado na coluna Roda Viva de quinta, dia 14 de janeiro de 2010)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Não consegui sair nem da fase experimental e muito menos chegar perto da proposta que idealizei e já cai na armadilha de quem tem blog: deixar de atualizá-lo. Perdão pela fraqueza. Tentarei resistir a essa tentação em 2010. Deus me dê força e coragem.